07/05/2011

O "final feliz" de Fernando Ulrich

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, defendeu que o acordo entre o Governo e a 'troika' é um "final feliz".

Na expressão “final feliz", o que me estranha não é o “feliz”. Esse, aliás, não me estranha nada. Não fossem os banqueiros um instrumento da governação draconiana internacional, traduzida em acrónimos respeitáveis.

O que me estranha é o “final”. O que é que acabou? Isto ainda agora está a começar!

A felicidade de Ulrich, como a de outros da mesma estirpe, imagino, é a felicidade de quem vive uma pequena aventura, com um toque de suspense e algum drama, criando um ligeiro arrepio saboroso e um remexer na cadeira do cinema, motivado por alguma ansiedade que culmina numa sensação agradável de um bom argumento cinematográfico.

“Nínive foi a Roma assíria, cidade fortificada, grande cidade, (...) Era dominada por uma ténue camada privilegiada, cujo poder derivava do sangue, da raça, da nobreza, do ouro, da violência ou de uma refinada combinação de tudo isso, e povoada por uma massa amorfa de povo maltratado e sem direitos – escravos, (...) com palavras hábeis, lhes fosse dada uma ilusão de liberdade (...) Os assírios nesse tempo adoravam diversos deuses, muitos deles estranhos, e todos eles haviam perdido a sua primitiva função criadora… Cidade do embuste, cidade da propaganda e da política como instrumento de permanente mendicidade.
Assim era Nínive.” (IN Deuses, Túmulos e Sábios, C. W. Ceram.)

Não era, Sr Ulrich?

02/05/2011

Casamento real de William e Kate

Dizem que o mundo parou para ver o casamento real de William e Kate. Especialmente o grupo RTP. Os noticiários da RTP, que antecederam o evento, dedicavam no mínimo dois terços ao tema. Isto fora os ameaços periféricos.
No "grande" dia, investiram preciosos euros em direitos para transmissão em directo, deslocaram vários jornalistas a diversos pontos para cobertura da coisa, até compraram um documentário à BBC. Claro que a SIC e a TVI (então a TVI!) também não se deixaram ficar atrás. Noticias de grande casório, é do melhor!
Claro que, não esquecer, estamos a falar das três estações de televisão de Portugal, país republicano, a transmitir em directo o casório monárquico do marketing inglês (ou poderei dizer "markinglês), os tais que dizem, na sua comunicação social, que a Inglaterra só deve ajudar o nosso país no resgate económico se cada inglês passar a ter férias grátis no Algarve.
Na verdade, não acredito que tenha havido assim tanto genuíno interesse na temática por parte do público português.
Agora! Se têm transmitido, em directo, a noite de núpcias... áhhh! isso sim... iam ver as audiências.