07/05/2011

O "final feliz" de Fernando Ulrich

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, defendeu que o acordo entre o Governo e a 'troika' é um "final feliz".

Na expressão “final feliz", o que me estranha não é o “feliz”. Esse, aliás, não me estranha nada. Não fossem os banqueiros um instrumento da governação draconiana internacional, traduzida em acrónimos respeitáveis.

O que me estranha é o “final”. O que é que acabou? Isto ainda agora está a começar!

A felicidade de Ulrich, como a de outros da mesma estirpe, imagino, é a felicidade de quem vive uma pequena aventura, com um toque de suspense e algum drama, criando um ligeiro arrepio saboroso e um remexer na cadeira do cinema, motivado por alguma ansiedade que culmina numa sensação agradável de um bom argumento cinematográfico.

“Nínive foi a Roma assíria, cidade fortificada, grande cidade, (...) Era dominada por uma ténue camada privilegiada, cujo poder derivava do sangue, da raça, da nobreza, do ouro, da violência ou de uma refinada combinação de tudo isso, e povoada por uma massa amorfa de povo maltratado e sem direitos – escravos, (...) com palavras hábeis, lhes fosse dada uma ilusão de liberdade (...) Os assírios nesse tempo adoravam diversos deuses, muitos deles estranhos, e todos eles haviam perdido a sua primitiva função criadora… Cidade do embuste, cidade da propaganda e da política como instrumento de permanente mendicidade.
Assim era Nínive.” (IN Deuses, Túmulos e Sábios, C. W. Ceram.)

Não era, Sr Ulrich?

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